Eu?
Existo?
Não, eu não existo.
Sou o nada que a vida me tornou.
Sou a folha seca que secou com o verão da vida
Sou a embalagem vazia que usaram e jogaram fora
Sou a garrafa de vinho que não serve mais
Sou a carcaça de um ser que há muito se tornou vácuo
Sou a rosa, quando toca só há espinhos.
Sou uma companhia inacompanhável,
Sou enfim o que querem me classificar
Tento ser dócil,
Mas o dócil que tento ser é amargo, amaríssimo
Olho pra dentro de mim, vejo um vazio imenso
Uma tristeza imensa,
A alegria há muito já se foi.
Perdi...
Mas não sei onde.
Tento lembrar onde perdi minha alegria,
E não consigo achar o local que a perdi.
Mas só me vem nas ideias que a perdi
Quando tentei me mostrar forte demais
Aí vi que eu não era o eu que via em mim.
Triste realidade!
Sou como uma árvore seca em pleno calor
Procuro-me e não me encontro
Sou o resto que a vida quis deixar.
Sou choro profundo,
O pranto que não cessa,
A vida me fez assim, um rio poluído
Cujas águas ninguém quer beber.
Sou pele e osso
Sou o silêncio da noite
O silêncio que amedronta
Enfim não sou
Não sou
Não sou o homem que todos querem ver
Sou algo repugnante
Sou algo vergonhoso
Sou tristeza
Sou um instrumento de música quebrado
Que não produz nenhum som
Que não produz nenhum som
Sou a fonte que secou
Sou o vinho passado da validade
Que ninguém quer beber
Sou enfim aquele que ninguém quer por perto.
Assim sou eu.
O Nada da vida
Vida não vivida.
Vida destruída
Vida não sentida,
Enfim uma Não-Vida!
Cálamo de Poesia
Em
25 de dezembro de 2020
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