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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Algo Imprestável

 



 

Eu?

Existo?

Não, eu não existo.

Sou o nada que a vida me tornou.

Sou a folha seca que secou com o verão da vida

Sou a embalagem vazia que usaram e jogaram fora

Sou a garrafa de vinho que não serve mais

Sou a carcaça de um ser que há muito se tornou vácuo

Sou a rosa, quando toca só há espinhos.

Sou uma companhia inacompanhável,

Sou enfim o que querem me classificar

Tento ser dócil,

Mas o dócil que tento ser é amargo, amaríssimo

Olho pra dentro de mim, vejo um vazio imenso

Uma tristeza imensa,

A alegria há muito já se foi.

Perdi...

Mas não sei onde.

Tento lembrar onde perdi minha alegria,

E não consigo achar o local que a perdi.

Mas só me vem nas ideias que a perdi

Quando tentei me mostrar forte demais

Aí vi que eu não era o eu que via em mim.

Triste realidade!

Sou como uma árvore seca em pleno calor

Procuro-me e não me encontro

Sou o resto que a vida quis deixar.

Sou choro profundo,

O pranto que não cessa,

A vida me fez assim, um rio poluído

Cujas águas ninguém quer beber.

Sou pele e osso

Sou o silêncio da noite

O silêncio que amedronta

Enfim não sou

Não sou

Não sou o homem que todos querem ver

Sou algo repugnante

Sou algo vergonhoso

Sou tristeza

Sou um instrumento de música quebrado

Que não produz nenhum som

Que não produz nenhum som

Sou a fonte que secou

Sou o vinho passado da validade

Que ninguém quer beber

Sou enfim aquele que ninguém quer por perto.

Assim sou eu.

O Nada da vida

Vida não vivida.

Vida destruída

Vida não sentida,

Enfim uma Não-Vida!

 

 

                                              Cálamo de Poesia

                                              Em 25 de dezembro de 2020

 

 

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