Olhando pela janela do tempo.
Volto-me ao passado.
Contemplo o tempo vivido e me
lembro com saudades.
Das manhãs infantis que vivi.
Tudo era calma
Apesar das necessidades
sofridas
Tinha o carinho de minha mãe
A indiferença de alguns.
A humanidade era outra.
Brincava-se na rua correndo.
Brincava-se de boto.
De carrinhos feitos de plástico,
e carrinhos de bois de barro.
E de bonecas que não eram
eletrônicas e sim de pano feitas em casa (as meninas)
Na escola se tinha o prazer de
estudar.
O mundo não amedrontava.
Quando alguém cometia um
desatino,
Ficava-se apreensivo por um bom
tempo.
Não se tinha tanta tecnologia,
mas se tinha mais calor humano.
Volto-me para hoje e contemplo a triste realidade da humanidade.
Um mundo tecnológico e cheio de
comunicação.
Os meninos esqueceram os
carrinhos que agora são eletrônicos.
As meninas as boneca.
O que se vê nas mãos dos
infantes é celulares, tablets e jogos eletrônicos.
Não se tem mais infância.
Ouve-se o canto mavioso das drogas
que clamam por ceifar vidas,
Vidas que não tiveram
estruturas.
Vidas que não tiveram famílias,
mas um ajuntamento de pessoas sob o mesmo teto.
Vidas que clamaram e não foram
ouvidas.
E caíram na rede das drogas.
Como é doloroso viver em um
mundo com uma realidade tão dura!
A juventude perdeu a noção da
vida.
A barateou demais e assim por si mesma se exclui
E se inclui numa lista negra do
próximo a morrer,
Quem será a próxima vítima que será
assaltada ou morta?
A vida humana se tornou banal
demais por esse sistema imundo que se vive nesse país.
Um país que é considerado o
paraíso dos sem lei.
Eles não têm lei nem rei.
E assim vai-se vivendo uma vida
ansiosa e sem perspectivas.
É um país que é comandado por
seres sem cérebros e sem pensamentos.
Os olhos dos líderes
brasileiros nesse início de século XXI só se enchem de cifras
E não de amor.
Muito menos de compaixão.
É doloroso ligar a televisão e ver que
se mata por paixão.
Crimes passionais que levam a
banalização total da vida de mulheres
Que tentam sobreviver a cada
dia.
Mata-se no Brasil por paixão e
com armas.
Mata-se com leite nas veias.
Mata-se como queima de
arquivos,
Morre-se em leitos de hospitais
com todo o descaso possível.
O sistema de saúde está na UTI
dando seus últimos suspiros.
Existe uma operação lava jato
que tem feito escorrer sujeira política como esgoto
E a população pasma diante da
TV e dos noticiários sem poder fazer
nada.
Vê apenas seus direitos e trabalhos se esvaindo
Tal como água que escorre pelas mãos sem nada se poder fazer.
A não ser sair na rua e
protestar.
Sofrer e apanhar da polícia e
ser agredido e enfim morrer.
O caos é visto diante dos
nossos olhos espantados e falta a esperança.
A polícia mata as crianças que
vivem nas ruas. Crianças que deveriam estar na escola,
Deveriam estar a brincar, mas o
brinquedo que pegam são armas
E trocar tiros com os adultos que manquejam nos
seus próprios crimes.
Triste lição de casa. Uma lição
mortal.
O pior é sentar na sala para
assistir um telejornal
E ver como os políticos tentam
enganar o público eleitor
E zombar da cara dele digo cara porque para o
político vê o eleitor como animal irracional
Esse
eleitor que o elegeu para ser o
representante.
Isso é dolorido ao mesmo tempo
em que é irritante.
Esse negro quadro Emoldurado pela
impunidade está pregado bem diante de nós.
Que ficamos sem querer entender
nem reagir.
Só se sente a dor e não se grita porque demos a lança para eles nos matar.
E como dementes vamos às urnas
eletrônicas,
E damos o nosso voto damos as aramas para eles
matarem
Matarem nossos direitos,
matarem nossa dignidade, matarem enfim nossa nação.
E quando chegamos em casa ainda
os aplaudimos .
E se possível brigamos com as
pessoas que amamos em pleno delírio.
Que horror contemplar esta cena!
Aplaudir os nossos assassinos, e ainda os
parabenizar por nos assassinar
Todos os dias do seu mandato.
Parabéns, brasileiros pelo
masoquismo!
Cálamo
de Poesia
Em 01.07.16