Por que choras, poeta?
Andas tu com a poesia a recitar?
Ou andas sentado à calçada a esperar?
Por que choras, Poeta?
Reconhecem o teu trabalho?
Ou és um Camões moderno?
Consola-te
Você tem arte
Você é a tua plateia
Pelas tuas próprias mãos serás aplaudido.
Crias,
Recrias,
Anuncias,
Denuncias.
És tu um fingidor?
Ou choras
verdadeiramente a tua dor?
Ó, poeta!
Onde está o teu público?
Vede, ele está te olhando,
Porém não aplaudem tua arte.
Apenas olham.
Criticam,
Abatem,
Desterram
Soterram-te.
Mas,
Levanta-te
Você é poeta
Poeta da vida
Não chores assim
Sê tu,
Não o poeta sórdido,
Mas uma voz
Que fala,
Que age,
Que vive,
Que ama,
Que brilha,
Sê tu
Uma voz,
Que grita aos ouvidos
Da criança aprendiz.
Do homem oprimido
Do ser que vaga
Com tua poesia,
Você
Consola,
Chora,
Faz chorar,
Levanta,
E abate.
Consola-te!
Mesmo irreconhecido.
VOCÊ
É
UM
POETA.
Cálamo de Poesia
13.09.1999